Pe. Ademar Agostinho Sauthier Vigário
Tenho a alegria de comemorar junto com vocês o dia do padre.
Faço esta comemoração olhando para Cristo.
Para ser padre é preciso ser discípulo de Cristo. Pergunto: por que aceito hoje e quero aceitar sempre o convite de ser discípulo de Jesus?
Aceito este convite porque fui descobrindo no decorrer da vida que Jesus não manda ninguém no lugar dele.
Ele assume por primeiro. “Se alguém quer ser meu discípulo tome a sua cruz e siga-me”. Como posso segui-lo se Ele não vai na minha frente?
Sim, Ele vai na frente. Marcos escreve: “estavam no caminho subindo para Jerusalém. Jesus ia à frente deles. Estavam assustados e caminhavam com medo... Eis que temos subindo para Jerusalém e o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão e o entregarão aos gentios, zombarão dele e cuspirão nele, o açoitarão e o Matarão. (Mc 10,32-34)
E Jesus não pede a outro para substituí-lo do sacrifício.
Na ceia ele diz assim: “Tomai e comei. Isto é o meu corpo que será entregue por vós.”
“Tomai e bebei. Este é o cálice do meu sangue que será derramado”. (Lc 22,19ss)
Esta atitude de Cristo, de assumir pessoalmente o desafio, me dá a certeza de que Ele não me engana. Eu acredito, tu acreditas. Sim, podemos confiar plenamente!
Agora, num segundo passo, vamos nos colocar juntos no presbitério em face à Trindade.
Aí percebemos duas reações de Jesus que são possivelmente as mais veementes dos Evangelhos.
Primeira reação: “Então fez um chicote com cordas e a todos expulsou do Templo. Não façais a casa do meu Pai uma casa de comércio.” (Jo 2,15-16)
Segunda reação, ainda mais enérgica:
Diziam: “Ele expulsa os demônios em nome de belzebu, o chefe dos demônios” (Mt 12,24)
Resposta de Jesus: “Por isso eu vos digo, todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada.” (Mt 12,31)
Notemos: são duas vezes que Jesus reage com toda a veemência. É quando desrespeitam o pai e quando falam mal do Espírito Santo.
Esta é uma demonstração de modo humano em que Cristo sinaliza e defende a divina união da Trindade.
Jesus, por assim dizer, “não suporta” quando alguém desrespeita outra pessoa da Trindade.
Em seguida vemos que se alguém disser algo contra o Filho, que está presente, este é perdoado.
“Mesmo se alguém disser alguma palavra contra o Filho do Homem, lhe será perdoado. Mas, se falar contra o Espírito Santo não será perdoado nem neste mundo nem no mundo que há de vir.” Mt 12,32
Essas reações exemplares de Jesus são um facho de luz sobre o modo de ser e de conviver na nossa comunhão do presbitério. “Para que sejam um como nós somos um.” Jo 17,11
Para finalizar vamos agradecer a proteção de nosso Padroeiro São João Maria Vianney. Ele é representado num Vitral da Catedral de Porto Alegre que é iluminado à noite pelas luzes da cidade. São João Vianney quanto mais se gastava no serviço tanto mais se revigorava na mística e na dedicação.
A seu exemplo crescemos também nós em nossa vocação com confiança, gratidão e alegria. Sabemos que “a nossa capacidade vem de Deus, que nos tornou capazes de exercer o ministério da aliança nova. (2Cor 3,6).
Assim, comemorando o Dia do Padre, nós nos damos reciprocamente os parabéns e expressamos nossa Ação de Graças. Qual é a melhor maneira de fazer Ação de Graças?
A melhor maneira de fazer ação de graças é colocar as Graças em ação.
Minha sugestão: neste tempo de pandemia certamente cada um de nós tem perdido alguém bem próximo. Num impulso de solidariedade redobra o ardor da missão em nome daqueles que partiram. Não fiquemos só na saudade, mas cerremos as fileiras da Evangelização. Muitos que estão me escutando talvez recordem de tantos encontros em que não saudávamos com a palavra “joia”! Vivamos este dia do padre a joia preciosa, parecida com a Pérola do Reino dos Céus. Sim vivamos a joia imperdível do chamado de Cristo, que é Nossa vocação.
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